Plano Dalton

O Plano Dalton também conhecido como Escola Dalton surgiu mediante ao movimento “Escola Nova” no final do século XIX e início do século XX, tanto na Europa como nos Estados Unidos. Os percursores dessa metodologia encontram-se em Rousseau (1712 – 1778), Pestalozzi (1749 – 1827) e Froebel (1782 – 1852).

A principal característica desta corrente pedagógica é a criação de escolas experimentais. Pode-se dizer que o velho tipo de escola representa a cultura, enquanto o tipo moderno de escola representa a experiência. O Plano Dalton é basicamente um meio para que ambos os objetivos possam ser reconciliados e alcançados. Uma escola desenvolvida a partir da filosofia pragmática, isso quer dizer que os conceitos são compreendidos por meio de observações, sendo a aprendizagem envolvente do contato direto com as coisas. Uma pedagogia centrada no desenvolvimento de projetos e solução de problemas ligados à realidade social dos estudantes, neste caso em suas experiências. 

Neste sentido, possa ser definida, segundo Ferréire citada por Escudero como: "A escola Nova é uma escola familiar, estabelecida por um campo, em que a experiência da criança serve de base para a educação intelectual para uso adequado do trabalho manual, e para a educação moral para uma prática de um sistema de autonomia relativa dos estudantes" (ESCUDERO apud Ferréire, 2005, p. 33). 

O período de formulação das teorias relacionadas à Escola Nova foi entre 1900 e 1907, com a publicação da obra, “A escola e a Sociedade”, em 1900 por John Dewey, considerado o fundador dessa filosofia educacional nos Estados Unidos, no entanto, diversos outros contribuíram para divulgação do método nos Estados Unidos como Willian Kilpatrick, Helen Parkhurst e Stanly Hall.

Em meados de 1918 as ideias sobre o método se consolidaram e oficializaram de forma a ocasionar sua difusão pela Europa por meio de Maria Montessori (Itália), Adolph Ferreire (Suiça), Ovide Decroly (Bélgica), Celeste Freinet (França) e Kerschensteiner, Gaudig e Peter Peterson (Alemanha) com o Plano Jena. 

À medida que o método era aplicado e observado por esses dirigentes começaram a surgir algumas características entre cada escola o que direcionou a uma organização das semelhanças entre as metodologias desenvolvidas, de modo a serem agrupadas conforme suas semelhanças na aplicação do método estabelecendo, assim, quatro grupos com devido padrão de homogeneidade: As Escolas Novas Tradicionais, inspiradas mais ou menos nas primeiras escolas inglesas, denominadas de escola para a vida completa; A Escola Experimental influenciada pela escola de Dewey em 1896; As Escolas Ativas, inspiradas pelos criadores dos novos métodos educacionais, de caráter essencialmente metodológico, com a doutora Montessori e sua Escola para a vida, o método de projetos de Kilpatrick de 1907, a Escola Dalton de Helen Parkhurst de 1918; E a Escola de Ensino e Reforma do tipo oficial, abarcando várias instituições dentro do sistema escola, reformadas por Kersbensteiner a partir de 1896, as escolas Winnetka por Carteton Washbume.

Após esse “breve” relato histórico sobre a Escola Nova e a vulgarização de sua metodologia, procuraremos dar ênfase na metodologia do Plano Dalton.

O Plano Dalton como é conhecido foi elaborado pela Miss Helen Parkhurst (1886 – 1973) na cidade de Dalton, Massachusets. Parkhurst era professora rural norte-americana, sua primeira experiência aconteceu em 1905 na escola unitária em Wisconsin, com 40 alunos de 6 aos 12 anos. Para ela uma escola deveria ter como principal objetivo de examinar a vida, onde os estudantes pudessem trabalhar com atividades práticas relacionadas à vida. Neste aspecto a escola deveria ser um lugar ideal, já que a vida humana ainda seja bastante mal organizada para poder ser, ela uma escola. Assim, Parkhurst acreditava que o aluno ao entrar em contato com a vida, seus problemas, suas maravilhas deveriam antes ser guiadas pouco a pouco pelo professor, de forma a aprender entre as tomadas de decisões nas tarefas propostas e assim estabelecer modificações entre as escolhas por meio do aprendizado.
 
A escola deve ser a entrada num mundo, o explorador paciente e metódico do que surgisse, sendo local de apuramento da inteligência, da capacidade, da sensibilidade, de acordo com Parkurst. Tal fato deve estar juntamente relacionado aos atos de ler e escrever que são tantos colocados em evidencia, podendo ser às vezes o único objetivo da escola, mas deveriam antes ser relegado a sua condição de técnicos de aquisição e relação com o todo e não somente para uma prática, assim o aluno teria interesse por elas, e com isto ter interesse pela vida. Haveria de se ler, escrever e cantar, não apenas para realizar o que está no programa (currículo), mas porque apareceriam como instrumentos indispensáveis para que os estudantes pudessem ir mais além do seu conhecimento do mundo.

Porém, antes de colocar em prática as propostas para o Plano Dalton, Parkhurst dedicou-se alguns anos ao estudo e observações. E assim aplica-lo em segredo na escola onde lecionava. O primeiro resultado foi o melhor desempenho dos estudantes, transformando a escola em organismo vivo. Mesmo com as melhorias Miss Parkurst procurou-se especializar ainda mais em suas propostas por meio da metodologia da Escola de Montessori, na Itália, embora esta escola tivesse objetivos diferentes, seus princípios interessavam a todos os graus de ensino, além de constituir uma valiosa experiência para compreensão da psicologia escolar. 

Em 1915, depois de sua viagem à Itália, Miss Parkurst envolveu-se ainda mais com a metodologia proposta da escola Montessori, principalmente sobre os estudos do aspecto individual da educação sobre a organização da escola como sociedade humana, neste caso desenvolver o máximo da capacidade do indivíduo de forma a favorecer ou exigir a sua integração em um grupo, assim acostumando-o a todo o trabalho de colaboração sobre o que deve ser a sociedade. 

Em 1919, Miss Craw ofereceu a direção da escola Dalton para Helen Parkurst, onde apresentou seu plano ao qual foi pedido que experimentasse seus novos métodos. Com o tempo Miss Craw conseguiu que o método se adaptasse a escola Dalton. 

Neste momento surgi uma de suas propostas metodológica, laboratórios ao invés de salas conforme o método tradicional. Os laboratórios são como uma biblioteca, mas dividida por temas (disciplinas ou áreas do conhecimento) a cargo de um professor especialista no assunto, esse local permite ao estudante seguir e organizar-se na realização de seu trabalho, de forma a ser aconselhado ou orientado pelo professor. É importante salientar que o nome laboratório tanto estimado por Parkhurst em suas divulgações sofreram errôneas interpretações, sendo considerado um lugar suspeito e que venho a ser um problema na difusão de sua teoria. 

Segundo Parkhurst (1922) as justificativas de suas concepções ao uso do termo “laboratórios educacionais” como gostava de declarar, surgiu por meio de leituras do livro “Mind in the Swift” de Edgar James. Neste livro duas passagens para Parkhurst pareciam resolver seus problemas relacionados ao significado dos laboratórios. Que eram: "O método racional é trabalhar com os alunos, inspirando-os com o anseio de mergulhar em coisas por si mesmas para contribuir com o fundo comum de conhecimento, para ser discutido ou esclarecido na recitação. O método didático pertence à Idade Média. Todavia, ainda domina as nossas escolas, as condições que o tornaram útil já se passaram há muito tempo. A expansão mental dos próprios professores é o primeiro passo para a remoção destes detritos medievais. Eles irão então investigar seus alunos, a sala de aula se tornará um laboratório educacional, e a atividade não se limitará ao departamento de treinamento manual. A influência da sugestão através do ambiente nunca recebeu seu devido reconhecimento na educação. Os professores querem desempenhar um papel muito visível nas ações dos alunos. Mas o educador é limitado, ele pode pré-eleger, pela complexidade da vida humana, a própria criança cujas qualidades ele desaprova pode ser o germe de um homem muito além de seu alcance mental ". 

Para Parkhurst as concepções de Edgar James foram essenciais na compreensão de uma educação mais livre, os alunos estavam sobrecarregados com trabalhos pesados que ocupasse maior parte do tempo, trabalhos que não aguçava e nem despertava interesse e energia para elaboração de análise mais crítica aos resultados.

Com tal característica o programa adotado tinha um novo caminho para uma escola mais viva que permitia aos estudantes hábitos flexíveis. A partir disso seu método vingou e dando-lhe reconhecimento o que lhe deu o nome de “Plano Dalton”. Desse sucesso juntou-se uma conversão de professores ingleses para o detalhamento do Plano, e assim fundando-se a Dalton Association em Londres, além da Children’s University School, em New York instituições que tiveram que tiveram excepcional importância para a divulgação do Plano para outras regiões, conforme relata Filho apud Narvaéz (2006): "A primeira escola experimental foi instalada três anos mais tarde ligados na Universidade de Chicago, juntamente no ensino fundamental da Universidade; em pouco tempo, houve realizações pioneiras em escolas públicas, como na pequena cidade de Dalton, no estado de Massachusetts, e depois em outros. Algumas novas escolas, imitados do Inglês, foram abertas em vários colégios, naquele estado norte-americano em 1905 e, no ano seguinte, em vários outros. Em 1914, mais de 300 faculdades e universidades nos Estados Unidos, havia seções de educação ou informação e centros de pesquisa para crianças, equipadas com laboratórios de psicologia" (p. 634)[1].

Os princípios da proposta metodológica de ensino de Helen Parkhurst são descritos em seu livro “Education on The Plan Dalton” publicado em 1922.

A questão central remetente ao ensino e a aprendizagem da escola tradicional está relacionada, de acordo com Parkhurst em compreender a distribuição adequada de iniciativa e responsabilidade entre professor e o estudante. Mas sendo a iniciativa e a responsabilidade pertencentes, quase inteiramente aos professores. Cabendo a eles decidir não só o que deve ser ensinado, mas também como e quando deve ser aprendido. A participação do estudante no negócio é simplesmente para executar sua tarefa ou, em caso contrário, para pagar a pena vinculada à preguiça, desmotivação ou contumácia. Porém, o "Plano Dalton" oferece um caminho de progresso que pode ser tomado com segurança por todos os que têm os dons de inteligência, devoção e empreendimento.

Assim como foi decorrido anteriormente o Plano Dalton exclui as formas tradicionais, estudantes ordenados, realizando trabalhos sem conexão com suas experiências diárias destituídas pela vida. Por esse fato, que o primeiro princípio é a liberdade do estudante, juntamente relacionada à responsabilidade e organização de seu trabalho. Sobre a liberdade, entende-se a relação do estudante com suas tarefas, que são dívidas em dois grupos as “maiores” e as “menores”, sendo respectivamente vinculadas Português, Matemática, Ciências, Geografia e História, e as outras, Música, Arte e Educação Física (busquei relacionar as disciplinas diante do contexto curricular brasileiro). Não há uma pressão, ou modelo de realização, ele (aluno), busca-se organizar mediante ao programa de tarefas que devem ser realizadas e ao qual deve-se gastar mais tempo. O que é totalmente ao contrário da escola tradicional redimida por grades horárias que são determinadas pela escola, com curta duração, ocasionando a economia de forças consiste em lançar todas às elas à disposição de um determinado momento em um ponto, e sucessivamente em diversos horários com conteúdo totalmente desvinculados uns dos outros.
 
A proposta do Plano Dalton é facilitar ao aluno atacar sobre seu problema de trabalho, permitindo-lhe concentrar todas as suas forças sobre o assunto que reivindica o seu interesse em um momento específico, ao decorre detalharemos como é o programa curricular da Filosofia Dalton. 

O segundo princípio é a “cooperação” ou como declara Parkhurst “interação da vida em grupo” (1922, p. 19). Tal interação tem a vinculação ao conceito de Democracia que para Parkhurst não é praticada pelas escolas tradicionais, pois o aluno não é simplesmente um indivíduo inteligente participante na vida de grupo imediato, mas sim de diversos grupos tantos fora da escola como dentro dela uma interação constante de experiências (DEWEY, 1979). 

No Plano Dalton essas condições são criadas para que o aluno possa usufruir delas, funcionando como uma comunidade de aprendizagem. Por sua natureza, entende-se que as comunidades são diversificadas e essa diversidade deve ser valorizada pela escola, não sendo considera um problema, como às vezes é realizado nas escolas tradicionais, mediante a formação de grupos (salas de aulas) com base na capacidade dos alunos (divididos turmas de melhores e piores alunos). Escolas democráticas como Dalton, a filosofia de comunidade social, incluem diversidades que refletem a diferença de idade, cultura, etnias, sexo, classe econômica, aspirações e capacidades. Tais diferenças enriquecem a comunidade, e nessa comunidade se é aceito ou rejeitado depende do acordo funcional e a conduta através das leis que não devem ser impostas pela escola, mas sim, uma emanação da atmosfera respirada pela comunidade, sendo conforme se deve exatamente acontece no mundo dos homens e mulheres (PARKHURST, 1922). 

Para Parkhurst (1922) o fator democrático é essencial dentro da comunidade escolar, pois reside o valor da vida, no serviço prestado a cada indivíduo livre, em que perpetuamente compõem as escolas conscientes de que o aluno como membro, é também um colega de trabalho responsável perante o grupo e ao todo.
Assim professores e alunos não podem neste caso escapar de suas responsabilidades diante da comunidade, a percepção do trabalho de cada é essencial como afirma Parkhurst “a educação é afinal, um cooperativo e seu sucesso ou fracasso estão interligados”[2] (1922, p. 23).

[1] La primera escuela experimental se instaló tres años después anexa a la Universidad de Chicago, la University of Chicago elementary school; antes de mucho tiempo, surgieron realizaciones pioneras en escuelas públicas, como en las de la pequeña ciudad de Dalton, en el estado de Massachussets, y luego en otras. Algunas escuelas nuevas, imitadas de las inglesas, se abrieron en varios internados, en aquel mismo estado norteamericano, en 1905 y, al año siguiente, en varios otros. En el año 1914, en más de 300 colleges y universidades de los Estados Unidos, existían secciones de educación, o centros de información e investigación de la infancia, dotados de laboratorios de psicología (p. 12) 

[2] Education is, after all, a co-operative task. Their success or failure in it is interlocked. 

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